Balada Do Irrelevante Poem by Julio 2 Amarante

Balada Do Irrelevante

Rating: 3.5

Hei-de estar morto quando a vossa perna

Me alcançar e pisar deitado no meu leito

Ferido de mil golpes infligidos, mil golpes

Derrotado na pedra tão fria como o cadáver

Que um dia nunca se deu por vencido,

Que menos o imaginam, de si esquecido

Que todo o mundo é apenas todo um globo

Povoado pela vida de tantas extinções,

Ó povo

Hei-de encarar-vos morto, tão partido, torto,

Minha face esfacelada calma e persistente

Tão certa de si, tão descrente, ora ausente.


Eu que persigo a Chimera que me espera

Esfíngica e à qual nunca responderei,

As mesmas respostas que nunca vos dei.


As que amei, ao revolto destino abandonei,

As crianças que riem no sonhos suprimidos,

O sangue escorrido dos membros feridos

Em mãos atadas no cume dos esquecidos.

Os sonhos que não sabem que sonhei,

O coartado acto que não, nunca vos prestei.


Ignomínia antiga, dum vivamus, vivamus

É um ponto na planta onde já não encontramos

As coordenadas possíveis de alguma presença,

Um passo congelado no fim destes anos,

Agora que as árvores velhas que passamos

São testemunhas que já cá não estamos.


A vós a vida que levaram por mim

A vós uma ode insana e sem fim

Pois comecei a partir bem antes de cá vir.


Sede, que eu fui e esfumei-me

No loop do coup-de-grâce

Como se não me amasse

Neste idílico momento, abracei-me

E esse sangue escorreu-me exangue

Eu que não me dou por vencido

Na louca teimosia, já esquecido.

Balada Do Irrelevante
Saturday, May 30, 2020
Topic(s) of this poem: integrity,introspection
COMMENTS OF THE POEM
Bjpafa Meragente 30 May 2020

Descobri de mim e apreciei. Nada das vossas hipoteticas opiniões mudará esta sensação. Kisses

0 0 Reply
READ THIS POEM IN OTHER LANGUAGES
Close
Error Success